sexta-feira, 30 de agosto de 2013


O Jockey Club Brasileiro foi fundado em 1932, com a fusão do Derby Club, que funcionava onde hoje é o Estádio do Maracanã, e do Jockey Club, que desde 1926 já estava no Hipódromo da Gávea.

A primeira diretoria do clube teve como presidente o Sr. Linneo de Paula Machado, responsável pela construção da bela Sede da Gávea, com projeto do francês radicado no Rio Francisco Couchet e do brasileiro Archimedes Memória, considerada até hoje um marco arquitetônico da cidade.

Em 6 de agosto de 1933, foi realizado no Hipódromo da Gávea, o primeiro Grande Prêmio Brasil, com premiação de 300 contos de réis. O vencedor desse páreo histórico foi o tordilho Mossoró, que levou ao delírio os torcedores presentes àquela tarde. Na mesma época foi instituído o Swepstake, famosa loteria de cavalos, que já fazia grande sucesso na Europa.

De todos os Grandes Prêmios realizados em diversos hipódromos brasileiros, o Grande Prêmio Brasil continua sendo até hoje a prova mais importante do turfe nacional.

 Saiba mais sobre a história do Turfe no Rio de Janeiro

Um manifesto publicado, sem assinaturas, no “Jornal do Commercio” de 6 de março de 1847 foi o início da edificação do turfe no Rio de Janeiro. Dele originou-se a criação do “Club de Corridas” , uma sociedade anônima , com capital de quarenta contos de réis , que adquiriu um terreno alagadiço, entre São Francisco Xavier e Benfica, nas cercanias da cidade . Ali instalou o “Prado Fluminense”, primeiro hipódromo do Rio de Janeiro. A empresa sobreviveu pouco mais de três anos e o Major João Guilherme Suckow, um de seus inspiradores, reembolsou os demais acionistas, tornando-se o possuidor de seu patrimônio imobiliário.

O Club de Corridas patrocinou uma única reunião no Prado Fluminense, no dia 1° de novembro de 1850, cujo programa foi publicado na imprensa na mesma data. Dias antes havia sido divulgado o regulamento que chama a atenção pelas curiosidades, entre as quais o artigo oitavo, que proibia o comparecimento de pessoas descalças e sentenciava à morte qualquer cachorro que aparecesse no hipódromo. O vencedor do primeiro páreo formal no Rio de Janeiro foi o animal “Malacarinha”, pertencente ao Sr.Manoel da Rocha Maia, montado pelo jóquei D.Thomas, que envergava “jaqueta e boné azul escuro”. Em 16 de Maio de 1869, o Jockey Club realizou sua primeira reunião. Estiveram presentes o Imperador D.Pedro II , D. Thereza Christina e cerca de 4.000 pessoas.

O primeiro e o quinto páreos foram ganhos pelo animal “macaco”, de criação e propriedade do Comendador Francisco Pinto da Fonseca Telles, Barão de Taquara. Ele havia sido membro da primeira diretoria do extinto Club de Corridas e seu haras era localizado em Jacarepaguá, nas cercanias do Rio de Janeiro.

Fundadores do Jockey Club:

- Conde de Herzberg
- Felisberto Paes Leme
- Fernando Francisco da Costa Ferraz
- João Guilherme Suckow
- Joaquim José Teixeira
- Henrique Germack Possolo
- Henrique José Teixeira
- Henrique Lambert
- Henrique Moller
- Luiz de Suckow

O segundo Hipódromo da cidade surgiu no bairro de Villa Isabel. Ele foi erguido por um clube de corridas, fundado por moradores do bairro, em terrenos cedidos pela Cia. Architectônica, que pertencia ao Barão de Drummond, presidente do Jockey Club em 1874. Seu regulamento destinava-o a sócios e amadores, e só à falta daqueles poderiam atuar jóqueis profissionais. A corrida inaugural foi anunciada pela imprensa e realizada em 22 de maio de 1884. O nome “Club de Corridas Villa Isabel” sobreviveu, apenas, cerca de seis meses.

O Dery Club fez sua primeira reunião em 2 de agosto de 1885, com 82 animais inscritos em nove páreos, número até então não atingido em toda a América do Sul. Foi o grande acontecimento social do ano e a ele estiveram presentes Suas Majestades Imperiais, D.Pedro II e D. Thereza Christina, e cerca de 10.000 pessoas. O Hipódromo havia sido edificado em terrenos adquiridos à Condessa de Itamaraty, do que resultou o nome do prado. Hoje, ali está construído o Estádio do Maracanã. Inovador, o Derby Club logo nesta primeira corrida fez funcionar um cronógrafo elétrico, destinado a marcar com precisão o tempo de cada páreo.

Em 14 de dezembro de 1884 inaugurava-se o terceiro prado de corridas na cidade do Rio de Janeiro. Denominava-se “Villa Guarany” e teve vida efêmera, apenas cinco anos, mas sempre teve reputação duvidosa. As chicanas e trapaças que criaram a má fama do Prado Villa Guarany foram retratadas por Luiz Edmundo, num episódio narrado em seu livro “O Rio de Janeiro do meu tempo”.

Em 1919 o Jockey Club começou a estudar a hipótese de construir um novo hipódromo que substituísse o Prado Fluminense. A opção examinada era este terreno pantanoso, de propriedade do Município do Rio de Janeiro, em frente ao Jardim Botânico. Ele vinha sendo aterrado com resíduos do desmonte do Morro do Castelo, no centro da cidade. Após longas “démarches”,em 26 de julho de 1922 , foi assinada uma escritura de permuta. Os cerca de 400.000 metros do sítio da Lagoa Rodrigo de Freitas foram recebidos pelo Jockey Club e a maior porção da área do Prado Fluminense transferida para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Assim,ali, onde outrora existira um charco, iria ser erguido o Hipódromo da Gávea, um dos mais belos do mundo.

O arquiteto francês André Raimbert, com escritório na “Rue de Messine n°6”, em Paris, era especializado em construção de hipódromos. Ele havia elaborado , em 1903, os projetos das tribunas e outras construções no prado de “Saint-Ouen” e, em 1904, as arquibancadas do campo de carreiras “Maison-Laffitte”. Em 1920, associado a seu colega Louis Lefranc, e por encomenda do Vice-Presidente, Linneo de Paula Machado, Raimbert traçou reformas para o Prado Fluminense e, tendo em mãos as plantas do terreno da Lagoa Rodrigo de Freitas, o projeto original do Hipódromo da Gávea, depois alterado. O custo de seus serviços foi de quinze mil francos. O detalhe mais original do desenho de Raimbert, a pista em forma de oito, não foi aproveitada na execução final do Hipódromo da Gávea.

A Tribuna dos Profissionais foi a primeira a ser edificada em todo o conjunto do Hipódromo da Gávea. Os andaimes que a circulavam já não tinham caráter de sustentação, mas o de mero apoio para colocação e acabamento dos adereços arquitetônicos. Antes da construção da Tribuna dos Sócios, foi levantado o arco romano de seu pórtico monumental. Em 8 de maio de 1926 o Hipódromo da Gávea recebia os últimos retoques para a inauguração que iria realizar-se daí a dois meses.

O Jockey e o Derby Club mantinham um acordo para efetuar corridas em datas alternadas, de modo que as reuniões de um não prejudicassem as do outro. O sucesso do Hipódromo da Gávea não vinha sendo suficiente para saldar as dívidas contraídas para sua construção. Assim o Jockey Club deliberou passar a realizar carreiras todos os domingos rompendo um acordo com o Derby Club.
Em dezembro de 1930 tal decisão foi comunicada e várias “démarches” encetadas, mas não foi possível um acordo e os dois clubes passaram a competir. A preferência dos turfistas pela Gávea asfixiou o Prado Itamaraty. Após um ano de confabulações, a fusão das duas sociedades foi pactuada em janeiro de 1932. As assembléias que consubstanciaram a união realizaram-se em 23 e 24 de maio do mesmo ano. Estava fundado o Jockey Club Brasileiro.

O ano de 1932 marca o nascimento do Jockey Club Brasileiro, sob a condução de Linneo de Paula Machado, e o início de uma escalada do turfe, no Rio de Janeiro, que perdura por três décadas. A reunião inaugural do novo Jockey Club Brasileiro, nascido da fusão do Derby e do Jockey Club Brasileiro, nascido da fusão do Derby e do Jockey Clubes, foi realizada em 29 de maio de 1932, no Hipódromo da Gávea.

Os anos 1950 representam o apogeu das corridas na cidade, sua fase verdadeiramente apoteótica. A mudança da capital para Brasília e um malfadado decreto do Presidente Jânio Quadros delimitam o início do processo de reversão do prestígio, e da popularidade, do turfe na cidade, e o descenso do Rio de Janeiro no contexto do turfe nacional.

Não obstante, a criação de puro-sangue prospera e se engrandece, nas décadas subseqüentes. A mudança dos principais criadouros para o Rio Grande do Sul propicia uma explosão na qualidade dos produtos e estimula o estabelecimento de padrões, que trazem competitividade internacional ao turfe brasileiro. O Brasil deixa de ser coadjuvante no cenário latino-americano e mundial.

(Texto do livro - Jockey Club Brasileiro 130 anos, de Ney Carvalho)
Fonte : JCB

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Praça 02 de Julho

O 2 de Julho é uma data muito importante para os baianos que celebram todos os anos a separação definitiva do Brasil do domínio de Portugal, em 1823 quando as tropas brasileiras entraram na cidade de Salvador, que era ocupada pelo exército português, tomando a cidade de volta e consolidando a vitória.
Mesmo com a declaração de independente, em 1822, o Brasil ainda precisava se livrar das tropas portuguesas que persistiam em continuar em algumas províncias.Tropas militares relembram a entrada do Exército na cidade e uma série de homenagens são feitas aos combatentes.
Entre todas as comemorações, a do ano de 1849 teve um convidado muito especial. O marechal Pedro Labatut, que liderou a tropas brasileiras nas primeiras ofensivas ao Exército Português, participou do desfile, já bastante debilitado mas com a felicidade de homenagear as tropas das quais fez parte.
Para chegar a este dia, muita luta foi travada...
O Brasil do início do século XVIII ainda era dominado por Portugal, enquanto o Rio de Janeiro, Pernambuco, Minas Gerais e a Bahia continuavam lutando pela independência. As províncias não suportavam mais a situação e, percebendo os privilégios que o Rio de Janeiro estava recebendo por ser a capital, Pernambuco e Bahia resolveram se rebelar.
Recife deu início a uma revolução anti-colonial em 6 de março de 1817. Esta revolução tinha uma ligação com a Bahia, já que havia grupos conspiradores compostos por militares, proprietários de engenhos, trabalhadores liberais e comerciantes. Ao saber desta movimentação, o então governador da Bahia, D. Marcos de Noronha e Brito advertiu alguns deles pessoalmente.
O governo estava em cima dos conspiradores e, devido à violenta série de assassinatos, muito baianos resolveram desistir. Com toda esta repressão, a revolução de Recife acabou sendo derrotada. Os presos pernambucanos foram trazidos para a Bahia, sendo muitos fuzilados no Campo da Pólvora ou presos na prisão de Aljube, onde grande personagens baianos também estavam presos.
Movimentação pela independência:
Diante das insatisfações, começaram as guerras pela independência. Os oficiais militares e civis baianos passaram a restringir a Junta Provisória do Governo da Bahia, que ditava as ordens na época, e com esta atitude foi formado um grupo conspirativo que realizou a manifestação de 3 de Novembro de 1821.
Esta manifestação exigia o fim da Junta Provisória, mas foi impedida pela "Legião Constitucional Lusitana", ordenada pelo coronel Francisco de Paula e Oliveira. Os dias se passaram e os conflitos continuavam intensos. Muitos brasileiros morreram em combate.
Força portuguesa:
No dia 31 de Janeiro de 1822 a Junta Provisória foi modificada. E depois de alguns dias, chegou de Portugal um decreto que nomeava o brigadeiro português, Ignácio Luiz Madeira de Mello, o novo governador de Armas.
Os oficias brasileiros não aceitavam esta imposição, pois este decreto teria que passar primeiro pela Câmara Municipal. Houve, então, forte resistência que envolveu muitos civis e militares.
Madeira de Mello não perdeu tempo e colocou as tropas portuguesas em prontidão, declarando que iria tomar posse. No dia 19 de fevereiro, os portugueses começaram a invadir quartéis, o forte São Pedro, inclusive o convento da Lapa, onde haviam alguns soldados brasileiros. Neste episódio, a abadessa Sónor Joana Angélica tentou impedir a entrada das tropas, mas acabou sendo morta.

Concluída a ocupação militar portuguesa em Salvador, Madeira de Mello fortaleceu as ligações entre a Bahia e Portugal. Assim a cidade recebeu novas tropas portuguesas e muitas famílias baianas fugiram para as cidades do recôncavo.
Contra-ataque brasileiro:
No recôncavo, houve outras lutas para a independência das cidades e o fortalecimento do exército brasileiro. O coronel Joaquim Pires de Carvalho reuniu todo seu armamento e tropas e entregou o comando ao general Pedro Labatut. Este, assim que assumiu, intimidou Madeira de Mello.
Labatut organizou todo seu exército em duas brigadas e iniciou uma série de providências. Aos poucos o exército brasileiro veio conquistando novos territórios até chegar próximo a cidade de Salvador.
Madeira de Mello recebeu novas tropas de Portugal e pretendia fechar o cerco pela ilha de Itaparica e Barra do Paraguaçu. Esta atitude preocupava os brasileiros, mas os movimentos de defesa do território cresciam. E foi na defesa da Barra do Paraguaçu que Maria Quitéria de Jesus Medeiros se destacou, uma corajosa mulher que vestiu as fardas de soldado do batalhão de "Voluntários do Príncipe" e lutou em defesa do Brasil.

Em maio de 1823, Labatut, em uma demostração de autoridade, ordenou prisões de oficiais brasileiros, mesmo sendo avisado do erro que estava cometendo, e acabou sendo cassado do comando e preso. O coronel José Joaquim de Lima e Silva assumiu o comando geral do Exército e no dia 3 de Junho ordenou uma grande ofensiva contra os portugueses. Com a força da Marinha Brasileira, o coronel apertou o cerco contra a cidade de Salvador, que estava sob domínio português, restringindo o abastecimento de materiais de primeira necessidade. Diante destes fortes ataques e das necessidades que estavam passando, Madeira de Mello enviou apelos e acabou se rendendo. Com a vitória, o Exército Brasileiro entrou em Salvador consolidando a retomada da cidade e fim da ocupação portuguesa no Brasil.